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SIX AROUND 60

keep us on the road [since 7/OCT/1955]


.



Da Beat Gang









AVISOS/WARNING



Sorry [1] !!
**we are really sorry about not show you a text version in english: we had been studing The Beat Generation, reading and playing spoken word; our meetings that we call The Six Around 60 Group, to celebrate 60 years old of Six gallery Reading. Yes, we did, with love, but not enough to translate you, clearly and/or correctly, from brazilian portuguese - next time, ok?

Sorry [2] !!
**Inconvenientes sobre este site: para usuários de browsers Internet Explorer, Safari e Firefox, em versões antigas ou não, talvez nosso web-design apareça deformado, pois não somos profissinais nisso: testamos apenas em Chrome.


~





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A bit about Beat


~






'6 Poets at the Six Gallery'
[1955-2015]


Este site é um memorial poético
em homenagem a Beat Generation,
uma reprodução do histórico
"Six Gallery reading" ocorrido
em 7 de outubro de 1955. Dali,
os "vagabundos iluminados"
alçaram voo entre as vanguardas
da San Francisco Renassaince,
dos Estados Unidos e do mundo.

No início deste ano, formamos
o grupo "Six Around 60"
a fim de estudar e realizar
um mergulho no tempo, no espaço,
manter vivos aqueles poetas.
Em nossa releitura, seguimos
roteiro fiel, os mesmos poemas,
como foram lidos naquele dia,
há exatos sessenta anos
do evento original
__7 de outubro de 2015.
Alcançamos nossos objetivos,
honramos o compromisso, e
nesse registro um ato final:
fizemos o nosso melhor!
Boa leitura!

Agradecimentos totais! [click!]
Six Gallery reading .para refletir! [click!]


SEIS POETAS

...ON THE ROAD...


READINGS






  • 1º READING

    Travessa.Botafogo - [02/MAR] 2015

    Realizamos a primeira leitura desta peça Beat na Livraria da Travessa de Botafogo, em noite de lançamento do livro "Os rebeldes: Geração Beat e anarquismo místico" (Ele-Pê-e-Ême), de Claudio Willer, poeta e mestre em literatura, um dos maiores pesquisadores do assunto. Foi um marco, fizemos a leitura !!_Six Around 60_!! tendo por Mestre de Cerimônias e fotógrafo involuntário o poeta Lucas Guimaraens, outro que sabe tudo sobre os Beats, como também o axé e carinho da poeta e performer Paloma Klis(y)s, registre-se ainda: a coordenação do meeting por Thereza Rocque da Motta, ilustre literata, revisora e organizadora de inúmeras publicações por estas plagas cariocas - evoé!
    - Site: http://claudiowiller.wordpress.com/ [click!]



  • 2º READING

    Uma.Noite.na.Taverna - [08/MAI] 2015

    Realizamos a segunda leitura desta peça Beat durante o sarau Uma Noite na Taverna em homenagem à escritora Jan Kerouac, filha de Jack e Joan Kerouac, que enviou um poema em vídeo especial aos poetas locais Rodrigo Santos e Rômulo Narducci, que assinam pela Sete Damas Produções, em parceria com o Clube Tamoio de São Gonçalo-RJ. Grandes admiradores da Beat Generation, selecionaram poemas dos principais autores para leitura, e acolheram nossa leitura da efeméride !!_Six Around 60_!! - por muita sorte não duplicamos poemas! Noite rica, com a tradicional rodada de vinho sob as luzes de velas nas mesas, gente de tarimba e jovens expoentes de lá, como o vulcânico Matheus Goudar, e presença bonita de Viviane Sales, do sarau Poesia de Esquina, que veio da Cidade de Deus para emprestar mais brilho e prestígio ao evento - evoé!



  • 3º READING

    Sarau.Fio.Multicultural - [10/JUL] 2015

    Realizamos a terceira leitura desta peça Beat em noite de Sarau Fio-Multicultural , com produção da Clécia Oliveira que abriu espaço dentro do Festival Inter-Universitário - a quem somos GRATOS pelo convite. Este reading ocorreu na antiga Casa do Estudante, que atualmente aloca o Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, no campus Flamengo, mesmo local onde acontecia a Universidade das Quebradas, um dos maiores projetos de extensão universitária, que através da Faculdade de Letras e da iniciativa da professora Heloísa Buarque de Holanda continua a reunir produtores culturais, artístas populares e poetas de toda a cidade. Nessa conta, nossa leitura foi acompanhada por grandes poetas, gente muito amiga, como: Hare Cristina, Clarice Azul, Eduardo Tornaghi, André Vinícius Pessôa, Heyk Pimenta, Kyvia Rodrigues, Cairo Trindade, Gaio Violeta, Nélio Fernando, muitos outros. Tivemos gravação em vídeo pela ajuda especial do historiador Theo Cunha - evoé!

    - Site Universidade das Quebradas:
    Universidade das Quebradas [click!]
    - FaceBook Fio Multicultural:
    Fio Multicultural [click!]








  • 4º READING

    Sarau.do.Nove - [10/SET] 2015

    Realizamos a quarta leitura desta peça Beat no ambiente estudantil da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ, no coreto do campus Maracanã, onde ocorre o Sarau do Nove. Importante frisar que este evento é símbolo de resistência contra a opressão sofrida pelos alunos, que estão proibidos pelo atual regimento interno de realizar quaisquer manifestações festivas ou políticas sem a prévia autorização da segurança. Arbitrariedades como estas vem ocorrendo desde 2013, quando o aparelho de Estado percebeu que a voz da juventude existe e reclama melhorias sociais. No combativo ambiente do nono andar concentram-se os cursos de humanas, onde estão nossos anfitriões Guilherme Bins e Élbio Ribeiro, pessoas que se reunem para dar impulso ao Sarau do Nove, considerando-se as expressões artísticas o principal motor da humanidade: foi uma grande satisfação sermos recebidos com nossa leitura Beat, cujo acento é também o caráter libertário, em outro tempo e espaço, poesia para exorcizar fantasmas repressores - evoé!
    - FaceBook: Sarau do Nove [click!]



  • 5º READING

    Ratos.Di.Versos - [17/SET] 2015

    Realizamos a quinta leitura desta peça Beat entre os poetas amados do Ratos Di Versos, sarau da palavra solta e sem medo, que só ocorre mesmo pela apreciação mútua das poesias uns dos outros, pelas presenças especiais que se revesam na partilha de uma cidade utópica. Foi uma leitura espacial, uma noite linda, e veio gente de longe para nos prestigiar, como Rebeca Brandão!! Essa poeta é uma das principais produtoras e fazedoras de cultura da cidade, assina pela gradiosidade do Sarau do Escritório, atualmente acumula beleza na produção do Leão Etíope do Meier - sem mais: evoé!

    *e-mail: ratosdiversos@gmail.com
    - Blog: http://ratosdiversos.blogspot.com.br/ [click!]
    - FaceBook: Ratos Di Versos [click!]



  • 6º READING

    Azougue.Editorial - [08/OUT] 2015

    Azougue Editorial _ Mais que uma editora, um pacto com a cultura! Com este lema, o editor Sérgio Cohn especializou-se na Beat Generation, e foi além deste segmento literário, publicando muitos poetas importantes e dando expressão a arte e pensamento contemporâneos. Visitem o site e descubram as novas produções que vem contribuindo para uma reflexão crítica sobre nossa cultura e sociedade.
    *Telefone: 259-7712
    *e-mail: editorial@azougue.com.br
    - Site: http://azougue.com.br [click!]
    - FaceBook: Azougue Editorial [click!]




POETAS

  • Six Around 60 (1955-OUT-07)

    uma releitura uma homenagem

    '6 Poets at the Six Gallery' - Para homenagear este evento, foram coletados os poemas originais, através do livro A Nova Visão e Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite, Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau e Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
    Esse trabalho foi desenvolvido a partir da criação de um grupo de estudos específico, por nome !!__Six Around 60__!!, reunindo-se quinzenalmente, desde 12 de janeiro de 2015.
    Esteticamente, optou-se por um mergulho em diferentes fontes, como audios, vídeos, textos de apoio, que resultaram numa leitura crua, sem maiores encenações, apenas os garrafões de vinho serviram para representar a presença de Jack Kerouac, que recusou-se a ler sua parte. Seus poetas são Carluxo, Esperando Leitor, Louis Allen, Marcelo Nietzsche, Xandu - todos integram o Ratos Di Versos, grupo aberto a poesia falada, que ocupa uma parte da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Quase sempre: estamos fora do burburinho da famosa noite do local - evoé!

    - Contatos:
    Azougue Editorial [click!]
    City Lights [click!]


  • Gary Snyder (1930- )

    Snyder será lido por Carluxo

    Carluxo - é leitor intenso da cultura Beat Generation, da qual possui vasta biblioteca especializada, uma referência básica para este grupo __Six Around 60__ ter sido formado. É poeta, talvez o mais Beat de todo este grupo, é escritor avesso aos modernos sistemas de comunicação, responsável pela sua auto definição: "Carluxo. Procura-se até hoje e nunca se acha em nenhuma esquina, mas ainda se acha nalgum copo, ou provavelmente numa cerveja que não tenha que pagar, e que seja benvinda. Carluxo. Procura-se até hoje. Procura-se até hoje."
    - Contatos: ...nonono...[click!]



  • Philip Glenn Whalen (1923–2002)

    Whalen será lido por Esperando

    Esperando Leitor - é neófito na literatura Beat, sobre a qual avançou vorazmente neste 2015. É palhaço (poeta do diálogo oracular), lançou o livro "Rasga-Mortalha, poemas dos outros", pela Editora Circuito (2014); é professor de literatura, atualmente doutorando-se em Literatura Comparada [UERJ], considerando-se as referências cruzadas de sua vasta bagagem literária, o que inclui expoentes históricos anteriores e posteriores entorno da geração Beat, etc.. Foi responsável por conduzir este grupo __Six Around 60__ a Livraria da Travessa, em nossa primeira leitura. Atualmente promove seu PerCurso (de)Formação Literária, programa de leituras-diálogo voltado a aspirantes na arte escrita, com encontros individuais ou em pequenos grupos, presenciais ou virtuais.
    - email: esperandoleitor@hotmail.com
    - FaceBook: Esperando Leitor[click!]



  • Irwin Allen Ginsberg (1926–1997)

    Ginsberg será lido por Louis

    Louis Allen - é leitor incisivo da cultura Beat Generation, biblioteca na qual se especializou, sendo reconhecido por isso quando compôs parte em uma peça de readings para Ginsberg, outra referência básica para este grupo __Six Around 60__ ter sido formado. É poeta, escritor, editor, responsável por inúmeros fanzines, e atualmente promove encontros artísticos através do Coletivo F.A.L.A. [Frente Ampla de Liberdade Artística] e dedica-se a publicar pequenos escritores através da Editora Estro Comics - conheça!
    e-mail: louisallien22@gmail.com
    - blog Estro:
    http://oestroh.blogspot.com.br/ [click!]
    - FaceBook: Louis Allen [click!]
    - FaceBook FALA: Sarau FALA [click!]



  • Philip Lamantia (1927–2005)

    Lamantia será lido por Nietzsche

    ...mas...

    Lamantia preferiu ler Hoffman

    ...então...
    John Hoffman (1928-1952)

    Hoffman será lido por Nietzsche

    Marcelo Nietzsche - é leitor intenso da cultura Beat Generation, da qual possui vasta biblioteca especializada, uma referência básica para este grupo __Six Around 60__ ter sido formado. É poeta, escritor, editor, responsável pelos seguintes livros: "Cadernos do Beco", Ibis Libris (2007); "Eixada", antologia independente (2009); "Ratos Di Versos", antologia independente (2009); "Pequeno Caderno de Um Calhorda Bem Resolvido", Edições Maloqueiristas (2011).
    - FaceBook: Marcelo Nietzsche [click!]



  • Michael McClure (1932- )

    McClure será lido por Xandu

    Poeta Xandu - é iniciante na cultura Beat, devendo tudo que sabe a respeito aos encontros do grupo __Six Around 60__, especialmente ao esforço de Nietzsche e Carluxo em apresentar-lhe as bases e emprestar-lhe os livros elementares. Em tempo, realiza um esforço de produção de mídia para divulgar o grupo. Considera-se leitor [já cansado] da biblioteca de sociologia da cultura, da antropologia e manifestações religiosas populares. Adicto da poesia falada, contumaz usuário do "fetichismo poético", circula a cidade pelo lado B da produção cultural no meio urbano, para encontrar pessoas, ir a pontos distantes, ligar gerações, linguagens afins. Produziu alguns fanzines de poesias sortidas pelo Ratos Di Versos [2014]; atualmente dedica-se ao "Manual de Tortografia moderna" e "Máquinas Datilográficas, instrumentos arcaicos", livretos independentes feitos neste 2015.
    email: gdbdbdg@gmail.com
    - Blog: ZineZeroZeo [click!]
    - FaceBook: Alexandre Durratos [click!]

Skills & Things about me

Beat Library
86%
Almost Complete!
Explosive Poems
91%
We Do Our Part
Street Readings
44%
Three Times a Week!

READINGS

...munições para nossos readings...


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sábado, 14 de novembro de 2015

Um Reading para pensar



'6 Poets at the Six Gallery'


# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE


'Six Gallery reading' - uma noite mágica! _[Poeta Xandu_]




A Beat Generation surge como um vulcão de escritores, algo quente, ácido, sujo, a revelar em verso e prosa o lado sombrio do american way of life dos anos 50. Neste fazer literário, há um desafio aos cânones, liberdade para ser fiel aos próprios sentidos, quando experiências formais e temas pessoais somam-se a coragem de pequenas editoras, o que denominamos "literatura marginal". Vencido o choque, aquela geração hoje é admirada por sua atitude rebelde, prestigiada por mestres literatos, que a inscrevem numa linha do tempo tida como a "invenção do jovem", categoria da qual presume-se fortes anseios por liberdade, em oposição às tradições, ao Estado, rumo ao lazer e ao escape do cotidiano.




Para além da ruptura com regras sociais, este ensaio busca recuperar significados possíveis para uma noite mágica de poesia: afinal, o que este reading na Six Gallery poderia contribuir para nossa atual geração de poetas? Sigamos pela intuição, fontes simples, consultas na Poetry Foundation e Wikipedia, sem maiores ambições que um bate-papo.




Difícil dar rótulos aos escritores Beat, talvez mereçam um destaque amplo, que tomo emprestado do modernismo no Brasil. Como Drummond, ao tratar da redação que lhe valeu a expulsão da escola, quando sentiu a "face queimar" _e mais nada importa tanto a um poeta. Para os Beats a vida cotidiana era Arte; a ortografia perdia-se para a língua falada; as questões pessoais eram também um situar-se entre amigos, na cidade, no país, no mundo. Frequentando bares e cabarés, mergulhados na vida boêmia, próximos da decadência moral, mas em qualquer tempo esses são momentos também para o encontro, para o digest intelectual, temperar saberes e vivências.




Rótulos. Por trazer à superfície o universo outsider da sociedade, a Beat Generation ocupou nesfasto lugar no imaginário social, onde viceja a moral puritana da velha USA. Para além dos clichês, essa literatura do "escape" avançou pela contra-cultura, por dois movimentos distintos: partiram em direção ao entorno, grupos de afinidades, amigos a dividir linguagem, aventuras, ser independente das tendências de mercado. E num movimento interno, buscava-se expandir a mente, através das drogas mais banais, ou algo mais profundo, transcendental, próprio das religiões antigas.




Entre loucuras e utopias possíveis, a Beat Generation descortinou mentiras sociais, expôs a opressão dos centros urbanos que alimenta os manicômios e prisões. Bandeiras de ontem aos nossos dias, tocavam-lhes questões raciais, ambientais, opunham-se às guerras, alargaram relações afetivas, as formas de amor, fosse entre amigos, homossexualismo, ou trocas no poliamor. Diante dos velhos tabus, melhor vê-los como um grupo de jovens a repensar fronteiras culturais, internas aos EUA, chegando aos rituais indígenas, ao xamanismo; e pra fora, vivenciar outros países - difundiram o budismo japonês, por exemplo. Em transbordo poético, _a Beat Generation como parte brilhante do melting-pot made in USA dos anos 50-60.




Nesse clima de transgressão, as primeiras obras da Beat Generation seriam lançadas em sequência, por pequenos livreiros marginais: Allen Ginsberg com Uivo, ou Howl (1956), Jack Kerouac com On the Road (1957), William Burroughs com The Naked Lunch (1959). Foram livros que causaram escândalo na sociedade, críticas no meio acadêmico, censuras por parte de editores, agressões através da imprensa, processos na justiça.




Editoras alternativas cumpriram papel fundamental. William Burroughs trouxe das sombras toda sua drogadição e libertinagem; só encontrou publicação para o seu The Naked Lunch pela Olympia Press, editora de ficção erótica sediada na França, país menos intolerante. Jack Kerouac romanceou suas viagens de carona, bebedeiras e aventuras amorosas; as malandragens do amigo Neal Cassady elevado ao status de herói. Só foi publicado graças ao esforço de Malcolm Cowley, antigo jornalista de esquerda, habituado a fazer revisões. Após desdobrar-se sobre os originais de Kerouac, desafiou o conselho editorial da Viking Press, até obter aprovação: surgiu o livro 'On the Road' [*], marco da Beat Generation.





*Acerca das viagens de Kerouac, elas ocorreram no fim dos anos 40, e On the Road foi escrito em menos de um mês, datilografados em rolos de papel contínuo (The Scroll-1951), uma parte tornou-se o livro Visions of Cody (McGraw-Hill-1972), baseado em relatos gravados, enquanto "On the Road" foi revisado a luz dos originais, sem cortes, portanto; relançado em 2007 com título 'On the Road: The Original Scroll', por circunstância dos 50 anos da primeira publicação.




Em sua livraria, Lawrence Ferlinghetti chegou a reservar uma estante para livros censurados (banned books). De seu interesse por escritores marginais nasceu a livraria e editora City Lights (1955), que lançou Howl como livro de bolso, primeiro livro de poemas de Allen Ginsberg. Seguido ao lançamento, veio a reprovação na opinião pública e a interdição na justiça; seu livro gerou debates no campo das artes e nos direitos de livre expressão; até o entendimento de que uma peça artística não deve ser censurada por aspectos morais. No entanto, esse mesmo embate entre moral e arte perdura até hoje.




Apesar dos destaques negativos na mídia, os Beats cativaram gerações de libertários, mesmo se longe do atual "politicamente correto". Em Nova York houve um start acadêmico na Universidade de Columbia, momento para ler William Blake, D.H.Lawrence, Walt Whitman, os clássicos, e contemporâneos da época, esses chamados escritores da "geração perdida". Havia o underworld frequentado por Burroughs; ou como ocorreu a Herbert Huncke, ver-se como um negro "fodido" (beat and down), a vagar sem-teto pelas ruas. De dentro do manicômio, Carl Salomon absorveu dadaismo, a poesia de Artaud, daí a lançar-se em insólitas leituras com a boca cheia de comida.




Viagens importavam aos Beats: ir pelo interior dos EUA até o México davam-lhes sentidos regionais, longe das metrópoles... Embarcar em navios mercantes, poder ir a França de Rimbaud, Artaud, Baudelaire; experimentar a vida na Espanha, no norte da África; ir ao Uruguai - de encontro ao experimentalismo do Conde de Lautréamont. Mas na vida noturna do Greenwich Village, codensavam-se as experiências Beat diante das batidas (Beat) de Jazz. Beat agora como santidade, ou beatitude, pela narrativa purificadora de Kerouac a observar o brilho na face dos "vagabundos iluminados".




Da costa leste para oeste, pesou o olhar atento de Neal Cassady, aquele mitologizado por Kerouac, já casado com a poeta Carolyn Cassady, cujo incentivo levou a Allen Ginsberg a migrar para a San Francisco. Poetas experientes, como William Carlos Williams e Robert Duncan, forjaram redes de trocas entre gerações e lugares distantes, como agitadores culturais. Especialmente, estreitaram-se os laços entre o Black Mountain College, da Carolina do Norte, e a Universidade da Califórnia. Nesse entrelace: professores e alunos, tribos poéticas e pequenas editoras de todo o país convergiram para a San Francisco Renassaince - um movimento de vanguarda literária.




Ginsberg logo mergulhou no movimento artístico local, quando conheceu Peter Orlovsky, seu amante e de grande incentivo para seu poema Uivo - escrito em 1954. Existiam os saraus na casa de Kenneth Rexroth, e Michael McClure já desenvolvia técnicas de expressão corporal para sua fala poética. Poetas e ativistas da produção cultural circulavam pelas pequenas galerias de arte, e compunham a elite intelectual, desde a Universidade da Califórnia-Berkeley, ou a Estadual de San Francisco, ou o San Francisco Art Institute, local também aberto para leituras poéticas.




Expoentes da San Francisco Renassaince, Philip Lamantia, Michael McClure, Gary Snyder e Philip Whalen já tinham poemas publicados em revistas universitárias. Tornaram-se parte da Beat Generation neste mesmo período. Lamantia, chegou a trabalhar diretamente com surrealistas, em Nova York, em publicações de André Breton e Max Ernst. De volta a cidade natal, iniciou um período de maior fertilidade poética por influência de Ginsberg. Vindo do Oregon, ao norte da costa oeste, Snyder se especializou em filosofias orientais, introduzindo o zen-budismo no seio dos Beats, - The Dharma Bums, livro de Kerouac, descreve em detalhes esse novo momento. Philip Whalen, também budista, entrou como poeta convidado de Snyder na leitura da Six Gallery.




Michael McClure, como Ginsberg, também teve sua estreia em 1956, com o livro Passage. Seu lançamento se deu pela The Jargon Society, as edições caseiras de Jonathan Williams, que estudava língua inglesa em Berkeley. Ligada às pequenas tribos poéticas, a Jargon era sediada na Carolina do Norte, e do sofá de casa, Williams publicou vários Beats, como Charles Olson, Amiri Baraka, Diane di Prima, Lawrence Ferlinghetti, Robert Creeley, Robert Duncan, Denise Levertov etc.. Por fim: publicou a primeira biografia de Kerouac.




Para construir o "6 Poets at the Six Gallery", Wally Hedrick, como dono da galeria, convidou Ginsberg para comandar essa primeira experiência. Foi a alavanca para novas leituras, lançando os poetas Beat por diversos ambientes intelectuais e artísticos. Inclusive no jazz: música e poesia com Lamantia, Jack Kerouac, Howard Hart, David Antrim, David Amram.




Em 7 de outubro de 1955, cerca de cem pessoas testemunharam o fenômeno Beat na Galeria Six, contando muitos dos poetas já citados acima e especialmente Lawrence Ferlinghetti, da livraria City Lights. Nossos heróis: Kenneth Rexroth ficou como mestre de cerimônias, Philip Lamantia, que leu poemas de John Hoffman, seu amigo desaparecido num vulcão do México; seguido de Philip Whalen, Michael McClure, Allen Ginsberg, Gary Snyder. O sexto poeta seria Jack Keraouac, que preferiu não ler. Do reading na Six gallery, Snyder e McClure continuam vivos e ativos neste 2015, o que acrescenta um brilho extra à esta revisão.


Fechamos assim um breve histórico de um grupo de jovens escritores no momento em que se projetam para o mundo da literatura, e cujo ímpeto de liberdade tanto nos comove: a Beat Generation como uma literatura de vivências fronteiriças, mágicas, múltiplas.







[Texto: Poeta Xandu]



'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

AGRADECIMENTOS



!!__foi um sucesso__!!

# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE

Realizamos essa releitura em homenagem a Beat Generation, uma reprodução do famoso
"Six Gallery reading" __7 de outubro de 1955, em pleno boom da San Francisco Renassaince [CA/USA]. Foram lidos os poemas daquele dia, contando com Philip Lamantia (Marcelo Nietzsche) que leu poemas de seu amigo John Hoffman; Philip Whalen (Esperando Leitor); Michael McClure (Poeta Xandu); Alen Ginsberg (Louis Allen); Gary Snyder (Carluxo); 
e o sexto poeta seria Jack Keraouac, que preferiu não ler. Fomos além, nesta homenagem sincera, apresentando 
leituras de nomes como: Ferlinghetti, Corso, Keraouac, 
Denise Levertov, Diane di Prima, Amiri Baraka, outros...
Esse trabalho teve INÍCIO EM 12 de janeiro de 2015, e foi um desdobramento do empenho que botamos como parte do Ratos Di Versos, grupo aberto a poesia falada, seus poetas sempre atentos às expressões libertárias da cidade e do mundo - evoé! Para esta efeméride acontecer, agradecemos de coração a todo apoio dado pelos amigos, muito especialmente a Sérgio Cohn e Azougue Editorial pela força de sempre, pelos gentis funcionários da Galeria Índica, por ter 
nos acolhido em espaço maravilhoso, na data e hora 
que esperávamos. Nomes que não podem faltar neste momento: o carinho imenso da Tiça Mata durante todos nossos encontros; Karla Sabah e Maurição pelo apoio no audiovisual. Um evoé gigante a todxs os amigos que se prontificaram a dar um confere no vinho malvado que matou Keraouac: Atile Muniz, Bárbara Dias, Shaina, Antônio, Wagner, 
Ana Karina, Fabricia, Caco Pontes, Gabriela Tavares,
Dio Costa [veio de Volta Redonda para nos prestigiar], o professor Marcelo Mourão; aos poetas de rua muito bem representados por Davi Monsores, Paulinho Alves, Miguel da Lapa, André Bentes, ao Xandu [por não ter faltado!], e aos que não puderam vir, 
mas contribuiram com energias positivas: Guilherme Bins, 
Clecia, Willer, Narducci, Claudinho, Guga, PV Alcantara, 
De La Rocha, Tornaghi, Dalberto, Dan Nissan, Paloma, Bodão, 
Henrique, Heik, Marine Ribeiro e... muitos! 
___a todos: beijos na ALMA!!! . . . - evento: https://facebook.com/events/172378859765628/


'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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Gary Snyder



Gary Snyder (Carluxo)

# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE

UM BANQUETE DE AMORAS 1 Casaco cor de barro, o passo macio, O velho crápula, um perdido Saudações! do Coiote, o Sacana, o gordo Filhote que abusou de si mesmo, o feio Jogador que traz as guloseimas. Na merda do urso as encontramos em agosto, Pilha asseada na fragrante trilha, no fim De agosto, talvez debaixo de uma lárice Um urso andou comendo amoras. Alto prado, verão tardio, nenhuma neve Urso negro comendo amoras, casado Com uma mulher cujos seios sangram De alimentar as crias semi-humanas. Em algum lugar com certeza há pessoas Catando e jogando fora, tagarelando sem parar. "Onde atiro minhas flechas "Está a sombra do girassol - canção da cascavel enrolada na virilha da pedra "K'ak, K'ak, K'ak! cantou o Coiote. Acasalando-se com a humanidade - A Serra Elétrica, tem uma queda pelas tábuas de pinho, dormitórios suburbanos, bloco sobre bloco Vacilarão diante deste grão e nó, As alucinações que vêm e passam cada manhã quando acordam os trabalhadores - as tábuas unidas pendendo do suporte, um caixote para prender o bípede. e a sombra dança em torno da árvore Esgueirando-se na amoreira de folha em folha através de cada dia A sombra dança em torno da árvore 2 Três, lá fora, através das janelas, Gatos saltam da aurora, bigodes cinza inflamados, restos de ratos na língua Lavando a cafeteira no rio o bebê gritando pelo café da manhã Os seios dela, bicos negros, veias azuladas, pendendo pesados da camisa larga, apertados com a mão livre jato branco em três xícaras. Gatos na aurora deitados deitados lá fora Riachos lavam onde a truta se aninha Mascamos fumo preto Dormimos sobre agulhas longas tardes "tu hás de ser coruja "tu Hás de ser pardal "vós haveis de crescer espessas e verdes, pessoas "haverão de vos comer, vós amoras! Coiote: tiros do carro, duas orelhas, um rabo, trazem fortuna. Clangores de passos a boiada de Shang movendo a estrada medida Sinos de bronze na garganta Esferas de bronze nos cornos, a boiada reluzente Cantando na luz da poeira e do sol rolando toras morro abaixo empilhando, amarela - trator a Lagarta caminhando tombando para a frente, a cada passo Folha a folha, raízes na vulcânica terra dourada. Quando A neve volta a se derreter nas árvores Ramos nus galhos de pinho sol quente nas flores molhadas Verdes rebentos de amora Irrompendo da neve. 3 Pança estufada em barril Peitos inchados de entornar cerveja, quem deseja o Nirvana? aqui há água, vinho cerveja livros suficientes para uma semana Uma confusão pós-parto, Um cheiro de terra quente, uma névoa morna Emana da virilha "Vocês não podem ser assassinos a vida inteira "As pessoas estão chegando - - e quando Magie O reviveu, trapo lasso pelo no rio Afogado e à deriva, comida de peixe no raso "Foda-se", cantou o Coiote e correu. Delicado preto-azulado, doçura dos prados pequenas e ácidas nos vales, com leve pó azul-claro, Amoras se dispersam pela floresta de pinheiros Amontoam-se pelos barrancos, escalam penhascos poeirentos, se espalham no ar com pássaros; Encontre-as nas fezes dos ursos. "Parou à noite "Comeu panquecas quentes num quarto iluminado "Bebeu café, leu jornal "Numa cidade estranha, saiu dirigindo cantando, assim que o bêbado desviou o carro "Despertem dos seus sonhos, damas luminosas! Apertem suas pernas, espremam demônios da boceta com coxas rijas "Jovens de olhos vermelhos virão "Com lânguidas ereções, sufocando "Gritos para secar seus corpos tesos ao sol! Acordou na praia. Madrugada cinzenta, Encharcada de chuva. Um homem nu Fritando sua carne de cavalo na pedra. 4 Coiote berra, uma faca! Sol nascente em pedras amarela. Pessoas se foram, a morte não é nenhum desastre Sol claro em céu polido vazio e brilhante Lagartos correm na escuridão Nós lagartos o sol em pedras amarelas. Veja, do pé do morro retalhados de rio reluzindo, rastejando, Para as planícies, a cidade: clarão de névoa na linha do vale O sol refletindo no vidro vibra e vai. De frescas primaveras sob o cedro De cócoras, sorriso branco, longa língua ofegante, ele observa: Cidade morta no estio, Onde crescem amoras.


'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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Alen Ginsberg



Alen Ginsberg (Louis Allen)

# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE

O UIVO *para Carl Solomon I

Eu vi os expoentes da minha geração, destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, hiperstenite com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,


que pobres esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando o jazz,


que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,


que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de Blake entre os estudiosos da guerra,


que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,


que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestos de papel escutando o Terror através da parede,


que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo com um cinturão de marihuana para Nova Iorque,


que comeram fogo em hotéis mal pintados ou beberam terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus torsos noite após noite com som, sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool e caralhos em intermináveis orgias, incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula, e clarão na mente pulando nos postes dos pólos de Canadá & Paterson, iluminando completamente o mundo imóvel do Tempo intermediário, solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de quintal das verdes árvores do cemitério, porre de vinho nos telhados, fachadas de lojas de subúrbio na luz cintilante de neon do tráfego na corrida de cabeça feita do prazer, vibrações de sol e lua e árvore no tronco de crepúsculo de inverno de Brooklyn, declamações entre latas de lixo e a suave soberana luz da mente,


que se acorrentaram aos vagões do metrô para o infindável percurso do Battery ao sagrado Bronx de benzedrina até que o barulho das rodas e crianças os trouxesse de volta, trêmulos, a boca arrebentada o despovoado deserto do cérebro esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do Zoológico,


que afundaram a noite toda na luz submarina de Bickford´s, voltaram à tona e passaram a tarde de cerveja choca no desolado Fuggazi´s escutando o matraquear da catástrofe na vitrola automática de hidrogênio,


que falaram setenta e duas horas sem parar do parque ao apê ao bar ao Hospital Bellevue ao Museu à Ponte do Brooklyn, batalhão perdido de debatedores platônicos saltando dos gradis das escadas de emergência dos parapeitos das janelas do Empire State da Lua, tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos e lembranças e anedotas e viagens visuais e choques nos hospitais e prisões e guerras, intelectos inteiros regurgitados em recordação total com os olhos brilhando por sete dias e noites, carne para a sinagoga jogada à rua,


que desapareceram no Zen de Nova Jersey de lugar algum deixando um rastro de postais ambíguos do Centro Cívico de Atlantic City, sofrendo suores orientais, pulverizações tangerianas de ossos e enxaquecas da China por causa da falta da droga no quarto pobremente mobiliado de Newark,


que deram voltas e voltas à meia noite no pátio da ferrovia perguntando-se aonde ir e foram, sem deixar corações partidos,


que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões de carga, vagões de carga, que rumavam ruidosamente pela neve até solitárias fazendas dentro da noite do avô,


que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz, telepatia e bop-cabala pois o Cosmos instintivamente vibrava a seus pés em Kansas,


que passaram solitários pelas ruas de Idaho procurando anjos índios e visionários que eram anjos índios e visionários


que só acharam que estavam loucos quando Baltimore apareceu em estase sobrenatural,


que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma no impulso da chuva de inverno na luz das ruas da cidade pequena à meia-noite,


que vaguearam famintos e sós por Huston procurando jazz ou sexo ou rango e seguiram o espanhol brilhante para conversar sobre a América e a Eternidade, inútil tarefa, e assim embarcaram num navio para a África,


que desapareceram nos vulcões do México nada deixando além da sombra das suas calças rancheiras e a lava e a cinza da poesia espalhadas pela lareira Chicago,


que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI de barba e bermudas com grandes olhos pacifistas e sensuais nas suas peles morenas, distribuindo folhetos ininteligíveis,


que apagaram cigarros acesos nos seus braços protestando contra o nevoeiro narcótico de tabaco do Capitalismo,


que distribuiram panfletos supercomunistas em Union Square, chorando e despindo-se enquanto as Sirenes de Los Alamos os afugentavam gemendo mais alto que eles e gemiam pela Wall Street e também gemia a balsa de Staten Island


que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos, nus e trêmulos diante da maquinaria de outros esqueletos,


que morderam policiais no pescoço e berraram de prazer nos carros de presos por não terem cometido outro crime a não ser sua transação pederástica e tóxica,


que uivaram de joelhos no metrô e foram arrancados do telhado sacudindo genitais e manuscritos,


que se deixaram foder no rabo por motociclistas santificados e berraram de prazer,


que enrabaram e foram enrabados por esses serafins humanos, os marinheiros, carícias de amor atlântico e caribeano,


que transaram pela manhã e ao cair da tarde em roseirais, na grama de jardins públicos e cemitérios, espalhando livremente seu sêmen para quem quisesse vir,


que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar mas acabaram choramingando atrás de um tabique de banho turco onde o anjo loiro e nu veio trespassá-los com sua espada,


que perderam seus garotos amados para as três megeras do destino, a megera caolha do dólar heterossexual, megera caolha que pisca de dentro do ventre e a megera caolha que só sabe sentar sobre sua bunda retalhando os dourados fios intelectuais do tear do artesão,


que copularam em êxtase insaciável com um garrafa de cerveja, uma namorada, um maço de cigarros, uma vela, e caíram na cama e continuaram pelo assoalho e pelo corredor e terminaram desmaiando contra a parede com uma visão da boceta final e acabaram sufocando o derradeiro lampejo da consciência,


que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas trêmulas ao anoitecer, acordaram de olhos vermelhos no dia seguinte mesmo assim prontos para adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas nos celeiros e nus no lago,


que foram transar em Colorado numa miríade de carros roubados à noite, N.C., herói secreto destes poemas, garanhão e Adônis de Denver – prazer ao lembrar suas incontáveis trepadas com garotas em terrenos baldios & pátios dos fundos de restaurantes de beira de estrada, raquíticas fileiras de poltronas de cinema, picos de montanha cavernas com esquálidas garçonetes no familiar levantar de saias solitário à beira da estrada & especialmente secretos solipsismos de mictórios de postos de gasolina & becos da cidade natal também,


que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram transportados em sonho, acordaram num Manhattan súbito e conseguiram voltar com uma impiedosa ressaca de adegas de Tokay e horror dos sonhos de ferro da Terceira Avenida &cambalearam até as agências de desemprego,


que caminharam a noite toda com os sapatos cheios de sangue pelo cais coberto por montões de neve, esperando que uma porta se abrisse no East River dando para um quarto cheio de vapor e ópio,


que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos de apartamentos do Huston à luz azul de holofote antiaéreo da luta & suas cabeças receberão coroas de louro no esquecimento,


que comeram o ensopado de cordeiro da imaginação ou digeriram o caranguejo do fundo lodoso dos Rios de Bovery,


que choraram diante do romance das ruas com seus carrinhos de mão cheios de cebola e péssima música,


que ficaram sentados em caixotes respirando a escuridão sob a ponte e ergueram-se para construir clavicórdios em seus sótãos,


que tossiram num sexto andar do Harlem coroando de chamas sob um céu tuberculoso rodeados pelos caixotes de laranja da teologia,


que rabiscaram a noite toda deitando e rolando sobre invocações sublimes que ao amanhecer amarelado revelaram-se versos de tagarelice sem sentido,


que cozinharam animais apodrecidos, pulmão coração pé rabo borsht & tortilhas sonhando com o puro reino vegetal,


que se atiraram sob caminhões de carne em busca de um ovo,


que jogaram seus relógios do telhado fazendo seu lance de aposta pela Eternidade fora do Tempo & despertadores caíram em suas cabeças por todos os dias da década seguinte,


que cortaram seus pulsos sem resultado três vezes seguidas, desistiram e foram obrigados a abrir lojas de antiguidades onde acharam que estavam ficando velhos e choraram,


que foram queimados vivos em seus inocentes ternos de flanela em Madison Avenue no meio das rajadas de versos de chumbo & o estrondo contido dos batalhões de ferro da moda & os guinchos de nitroglicerina das bichas da propaganda & o gás mostarda de sinistros editores inteligentes ou foram atropelados pelos táxis bêbados da Realidade Absoluta,


que se jogaram da ponte de Brooklyn, isso realmente aconteceu, e partiram esquecidos e desconhecidos para dentro da espectral confusão das ruelas de sopa & carros de bombeiros de Chinatown, nem uma cerveja de graça,


que cantaram desesperados nas janelas, jogaram-se da janela do metrô saltaram no imundo rio Paissac, pularam nos braços dos negros, choraram pela rua afora, dançaram sobre garrafas quebradas de vinho descalços arrebentando nostálgicos discos de jazz europeu dos anos 30 na Alemanha, terminaram o whisky e vomitaram gemendo no toalete sangrento, lamentações nos ouvidos e o sopro de colossais apitos a vapor,


que mandaram brasa pelas rodovias do passado viajando pela solidão da vigília da cadeia de Gólgota de carro envenenado de cada um ou então a encarnação do Jazz de Birmingham,


que guiaram atravessando o país durante setenta e duas horas para saber se eu tinha tido uma visão ou se ele tinha tido uma visão para descobrir a Eternidade,


que viajaram para Denver, que morreram em Denver, que retornaram a Denver & esperaram em vão, que espreitaram Denver & ficaram parados pensando & solitários em Denver e finalmente partiram para descobrir o Tempo & agora Denver está saudosa de seus heróis,


que caíram de joelhos em catedrais sem esperança rezando por sua salvação e luz e peito até que a alma iluminasse seu cabelo por um segundo,


que se arrebentassem nas suas mentes na prisão aguardando impossíveis criminosos de cabeça dourada e o encanto da realidade em seus corações que entoavam suaves blues de Alcatraz,


que se recolheram ao México para cultivar um vício ou às Montanhas Rochosas para o suave Buda ou Tânger para os garotos do Pacífico Sul para a locomotiva negra ou Havard para Narciso para o cemitério de Woodlaw para a coroa de flores para o túmulo,


que exigiram exames de sanidade mental acusando o rádio de hipnotismo & foram deixados com sua loucura & e mãos & um júri suspeito,


que jogaram salada de batata em conferencistas da Universidade de Nova Iorque sobre Dadaísmo e em seguida se apresentaram nos degraus de granito do manicômio com cabeças raspadas e fala de arlequim sobre suicídio, exigindo lobotomia imediata, e que em lugar disso receberam o vazio concreto da insulina metrazol choque elétrico hidroterapia psicoterapia terapia ocupacional pingue-pongue & amnésia,


que num protesto sem humor viraram apenas uma mesa simbólica de pingue-pongue mergulhando logo a seguir na catatonia, voltando anos depois, realmente calvos exceto por uma peruca de sangue e lágrimas e dedos para a visível condenação de louco nas celas das cidades-manicômio do Leste, Pilgrim State, Rockland, Greystone, seus corredores fétidos, brigando com os ecos da alma, agitando-se e rolando e balançando no banco de solidão à meia-noite dos domínios de mausoléu druídico do amor, o sonho da vida um pesadelo, corpos transformados em pedras tão pesadas quanto a lua, com a mãe finalmente ***** e o último livro fantástico atirado pela janela do cortiço e a última porta fechada às 4 da madrugada e o último telefone arremessado contra a parede em resposta e o último quarto mobiliado esvaziado até a última peça de mobília mental, uma rosa de papel amarelo retorcida num cabide de arame do armário e até mesmo isso imaginário, nada mais que um bocadinho esperançoso de alucinação


– ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não estarei a salvo e agora você está inteiramente mergulhado no caldo animal total do tempo –


e que por isso correram pelas ruas geladas obcecadas por um súbito clarão da alquimia do uso da elipse do catálogo do metro inviável & do plano vibratório,


que sonharam e abriram brechas encarnadas no Tempo & Espaço através de imagens justapostas e capturaram o arcanjo da alma entre 2 imagens visuais e reuniram os verbos elementares e juntaram o substantivo e o choque da consciência saltando numa sensação de Pater Omnipotens Aeterne Deus, para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana e ficaram parados à sua frente, mudos e inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados todavia expondo a alma para conformar-se aoritmo do pensamento em sua cabeça nua e infinita, o vagabundo louco e Beat angelical no Tempo, desconhecido mas mesmo assim deixando aqui o que houver para ser dito no tempo após a morte, e se reergueram reencarnados na roupagem fantasmagórica do jazz no espectro de trompa dourada da banda musical e fizeram soar o sofrimento da mente nua da América pelo amor num grito de saxofone de eli eli lama lama sabactani que fez com que as cidades tremessem até seu último rádio, com o coração absoluto do poema da vida arrancado de seus corpos bom para comer por mais mil anos.




'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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Michael McClure



Michael McClure (Poeta Xandu)

# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE

POINT LOBOS: ANIMISMO É possível meu amigo Que se eu tivesse uma grande barriga O lobo sobrevivesse da gordura Mascando vagarosamente Através de uma noite visceral de rancor. É possível que a ausência da dor Seja tão grande Que a possibilidade de cuidado Não exista. Melhor conhecer a dor. A ansiedade em vez do medo Do medo da ansiedade. Esta conversa de milagres! Do animismo: Já estive num lugar tão cheio de espíritos Que até o mais alegre animista Hesitaria Quando tudo à vista pedia menos cuidado Do que a morte E não havia um barulho nos ouvidos Que importasse. (Ajoelhei-me à sombra perto de uma lagoa salgada de água fria E senti a raiva penetrar Com suas muitas pernas, A alma como um sistema Vascular de água ascendente. Nenhum escape importaria Mesmo assim eu formulei em minha mente A mais bela De todas as máximas. Como poderia me importar Com a sua doença ou a minha?) Esta conversa de corpos! É impossível falar De lupinos ou tulipas Quando alguém pode ler O seu nome Escrito pelo mofo nos troncos Enquanto a floresta se move ao redor. Pata. Narina. Luz. Luz! Luz! Este é o canto do pássaro Você pode contá-lo Para os seus filhos.
PALAVRAS NOTURNAS: O ENCANTAMENTO Como são belas as coisas num belo quarto À noite Sem proporção Um gato negro de pelos longos com uma sensível feição humana Um manto branco pendurado na parede Como um fantasma pálido Sem proporção Canções passam pela minha cabeça O quarto está calmo e quieto e fresco Uma calmaria cinza-azulada Sem proporção As plantas estão vivas Expelindo oxigênio votivo Em direção aos benevolentes quadros acima E canções passam pela minha cabeça Estou tomado pela insônia Uma insônia de ambrosia E canções passam pela minha cabeça O quarto se torna mais suave As coisas estão sem proporção E eu tenho que dormir
POEMA Conectado de parte a parte, do dedo do pé ao joelho, do olho ao polegar Móvel, feroz, uma fortaleza de suor O cheiro da caça É um cheiro ruim … o meu fedor O olho é o noivo da tortura As cores estão conectadas pelo espírito Euglena, girafa, sapo Criaturas da graça – Rishi De seu próprio domínio. Enquanto caminho minhas pernas dizem “Corra Há prazer na rapidez.” Enquanto falo minha língua diz, “Cante Há alegria no pensamento O tamanho da palavra É o seu próprio vôo a partir da confusão”. E a folha é uma dor E o amor uma dor nas costas. A pedra uma criatura. UMA PALIÇADA O âmago caiado. …........... ….......... ...…...... ……....! Um pálido tufo de relva.
PELAS MORTE DE 100 BALEIAS ...de um noticiário no NY.Times: (Esperando Leitor) Orcas assassinas … canibais selvagens do mar com quase trinta pés de comprimentos e dentes feito baionetas … uma foi capturada com quatorze focas e treze tartarugas na barriga … com freqüência destroem barcos e redes de pesca … destruíram milhares de dólares em equipamento de pesca … O governo da Islândia fez um apelo para os EUA, que possuem milhares de homens situados na base aérea da OTAN na ilha sub-ártica. Setenta e nove soldados entediados responderam com entusiasmo. Armados com fuzil e metralhadoras, o pelotão de americanos foi ao mar em quatro pequenos barcos e numa manhã liquidou um grupo de 100 orcas... Primeiro as orcas foram acuadas com tiros de metralhadora, depois separadas uma a uma pra os tiros de misericórdia … quando uma era atingida, as outras atacavam-na, rasgando-a em pedaços com seus dentes afiados. Suspensos no meio do mar Com um barco no ar Os navios de carreira ferveram os seus pastos: Os navios e carne, Os Vapores do Ártico. Os cérebros do tamanho de uma bola de futebol As bocas do tamanho de uma porta. Os lobos sorrateiros Exterminadores e destruidores de vacas-marinhas. OS GIRINOS GIGANTES (Carne suas algas) Saltaram Como ovelhas ou crianças Atirados das ondas do mar. Debatendo-se e contorcendo-se (Goya!!!) Jorraram sangue e esperma. Incenso Destroçaram suas caudas e seus irmãos, Amaldiçoado Cristo dos mamíferos, Fecharam-se ao sol, Correram para o fundo do mar. Goya! Goya! Oh, Lawrence Nenhum anjo dança nestas pontes de comando. OH, ARMA! OH, PROA! Não há igrejas nas ondas, Nenhuma santidade, Nem passagens ou travessias Da orla molhada das bestas.



'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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Philip Whalen



Philip Whalen (Esperando Leitor)

# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE

PLUS ÇA CHANGE... O que você está fazendo? Estou friamente calculando Não pedi uma explicação. Diga-me o que vamos fazer. É isto que estou friamente calculando. Seria melhor se dissesse “tramando” ou “planejando” Você nunca poderia calcular sem uma máquina. Então estou ruminando. Logo Um plano irá aparecer. A quem você está tentando enganar? Seja gentil. (SILÊNCIO) Ouça. o que quer que façamos de agora em diante Vamos pelo amor de Deus não olhar um para o outro Manter os olhos fechados e as luzes apagadas - Não há problema em nos tocarmos se não precisarmos ver. Ignorarei estas plumas absurdas. Digam o que quiserem, fomos nós provocamos isto Mas ninguém pareça se preocupar. Quem nos reconheceria agora? Vamos apenas fingir já estarmos acostumados. (Cuidado com esse maldito rabo!) Abaixe as venezianas. Apague as luzes. Feche os olhos. (SILÊNCIO) Não há uma explicação satisfatória. Você pode falar até ficar roxo. Mas o quão roxo eu consigo ficar? Bem, preserve o fôlego, você precisa se acalmar Você poderia por favor trazer o alpiste para mais perto? Ótimo, até que os perfumes da Arábia Se tornem frios. Ah! Sementes de girassol! Pode me ouvir, por favor! Estou tentando fazer uma Sugestão racional. Você se importa? Claro que não. Mas o que exatamente diremos às crianças?


'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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Philip Lamantia



Philip Lamantia (Marcelo Nietzsche)

# CAPA # SIX AROUND 60 # SEIS POETAS # READINGS # UM POEMA # UM CONVITE

DE UM CADERNO DE JOHN HOFFMAN Portanto não realizada é A realização súbita. Cai fora do Zen O até então em branco papel inatingível Menos o golpe do pincel exterior simétricas bordas de repetição despretensiosa no hotel barato de pernoite (círculo mais recente do inferno) *** mais cedo havia morte por todo lado e doença exótica preenchendo o coração com catarro verde brilhante: a estação de transpiração e moscas
CANÇÃO DE UM ERRANTE Eu sou um homem que sabe do sol e lua e estrela da terra e e mar e ar e não falo deles porque não tenho palavras
SOCRATES OU CONFÚCIO Você deveria fazer mais música emprestando graça à barba em seu queixo corvos balançam em seu braço magro assuste-os com a seu sibilar: música deve ser feita: mas devagar a morte é depois de tudo: nada aqueles que não têm medo são: equilibristas há apenas um número: Um.
O ALBATROZ Embora a chave tinha sido esquecida cidades abriram as vias para o viajante: luzes amarelas atraíram-no por cima de pontes trilhas sob o mar desviaram cursos … e sempre voa através de balão profético futuros inflados com histórias não redigidas. Por entre terremotos velhos geometras inventar a presença de novas estrelas: mar suficiente à esquerda para cobrir o pé a maior ponte de olho pode se estender … um erroneamente chamado albatroz voa em liberdade anulando os bloqueios o oceano transforma.
CHUVA A chuva cai e uma cidade é inundada. Mas no jardim cresce uma árvore



'6 Poets at the Six Gallery' - Nossa releitura ocorreu em 8 de outubro de 2015, foram poemas coletados do livro A Nova Visão de Blake aos Beats, de Michael Mcclure, com tradução de Daniel Bueno, Luiza Leite & Sergio Cohn, lançado pela Azougue Editoral [2005]; e os poemas de John Hoffman, que foram livremente traduzidos por Marcelo Nietzsche, a partir do livro Tau & Journey to the End - Philip Lamantia, John Hoffman, lançado pela City Lights Pocket Poets Series [2008].
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Um Poema


  • Surgem eis que


    delinquentes intelectuais atravessando o país, línguas,
    culturas e outros paralelos, meridianos pintados
    como calçadas floridas em um quadro inabitado e repleto;



    delinquentes infantis de punhos sangrados para
    não serem um “buraco livre” abrindo buracos
    pelas frestas e bibliotecas e paisagens
    e navios mercantes e fugas de pedágios;



    delinquentes das percepções, delinquentes dos desejos
    frívolos de uma sociedade simétrica levados aos portos
    de muitos que não enxergavam que estão sitiados
    e transtornados musicais com uma nota bebop na unha
    dos teclados de uma Underwood;



    delinquentes religiosos e delinquentes e religiosos(?)
    costurando as palavras nas solas dos pés, escalando
    montanhas do Japão, dorsos dos garotos em Tanger
    e de prostitutas e peiote em Guadalajara e



    delinquentes culturais esculpindo e desconstruindo
    e remodelando e relembrando as histórias verídicas,
    que de fato não aconteceram exatamente como
    a vida narrada diz que a vida vivida viveu;



    delinquentes econômicos rejeitando uma sociedade que
    se projetava para o consumismo e consumismo das coisas
    e consumismo dos sonhos e consumismo das artes
    e consumismo da vida e consumismo
    do próprio consumo e de consumidor;



    delinquentes sexuais de falos e ânus e falos e clitóris
    e vaginas e falos e ânus e camas e sacerdócios
    e mictórios e janelas de ônibus;



    delinquentes acadêmicos, estúpidos diriam, com
    seus diplomas de literatura e sociologia
    e antropologia e história e os assentos assinados
    por suas bundas na biblioteca da prisão de Nova York
    ou de uma outra universidade e bibliotecas públicas
    e particulares; libertos cardíacos nas estradas!



    delinquentes psiquiátricos lambendo os sulcos de Artaud,
    reimplantando a orelha de Van Gogh, se aquecendo com
    choques e pílulas e esquadrinho as pessoas em grades,
    em grades – você não vê as grades que estão
    sobre seus ombros? não reconhece os sintomas
    patológicos que enumeramos em você?



    delinquentes da satisfação insatisfeitos sugando vida,
    acariciando vida, recriando vida, arte em vida,
    vida em arte, vida, vida, até aos setenta,
    oitenta, noventa anos e mais;



    delinquentes porque assim diziam os rochedos de gravata
    e saias com anáguas e anáguas e luvas brancas
    e as falácias de uniformes brancos com pranchetas,
    verdes com sangue nas botas, escuros com
    decretos escusos nas pastas, e uniformes sem
    uniformes porque disfarçados no seu projeto
    de normalidade imutável … imobilidade …


    mas Charles Olson dizia:


    “o que não muda / é a vontade de mudar”

    Marcelo Nietzsche


  • Um Convite


    7 de Outubro de 2015 [4ª-FEIRA] às 20hs, na Galeria Índica

    LOCAL: R. Visconde de Pirajá, 82 Lj. 117 [sub]

    **APOIO: Azougue Editorial



    APRESENTAÇÃO:


    Através de uma homenagem aos 60 anos da leitura na Six Gallery, quando a Beat Generation se fez conhecida nacionalmente nos Estados Unidos, procuramos fazer uma "releitura" do citado evento apresentando, principalmente, por meio de poesia as relações afetivas de construção e de projeção da beat generation.

    Situamos a beat generation em seu tempo histórico e cultural.

    Com isso evidenciamos seu diálogo não só com uma "tradição marginal" norte-americana mas com as vanguardas históricas e seu princípio de trazer a vida para a arte - notadamente com o surrealismo.

    Seu comprometimento com o mundo por uma ação não só literáriamente. Seu engajamento ecológico. Sua "investigações" e opções místicas não ocidentais. Sua coneções com o jazz, com o rock, com a fotografia, basicamente com Robert Frank, que dirigiu Pull My Daisy, com roteiro e narração de Jack Kerouac e participação de Corso, Burroughs.

    ....

    Além de poesia pretendemos fazer uso de outros recursos como o filme acima citado e trilha sonora de, entre outros, Charlie Parker.
    ....

    Após estaremos disponíveis para diálogo com as pessoas interessadas. ....


    [Convite: Marcelo Nietzsche e grupo "6around60"]


    LEITURAS ADICIONAIS


    Para além das leituras deste dia "Six Around 60", o evento comporta uma TERCEIRA PARTE: será aberta aos demais expoentes da geração Beat, nomes inevitáveis, como Gregory Corso, Carl Solomon, William Carlos Williams, Bob Kaufman, LeRoi Jones (Amiri Baraka) etc.. Ou as MULHERES, quase sempre esquecidas entre os Beats, como Joyce Johnson, Denise Levertov, Diane di Prima, Patti Smith etc.. Referências históricas que deram direção a literatura Beat, poetas como: Walt Whitman, William Blake, D.H.Lawrence, Rimbaud, Artaud, Baudelaire, Conde de Lautréamont, etc..

    Poderão ser lidos poemas da geração posterior, "The Postbeat Poets", nomes como Anne Waldman, David Cope, Eileen Myles, Lesléa Newman, Jim Cohn, Randy Roark etc.. Divinal, meteórico, ocorreu com uma vasta safra de MÚSICOS, fosse no folk, rock, punk, a poesia intrincada em suas letras. Só no The Doors, Jim Morrison e Ray Manzarek eram grandes entusiastas da poesia falada, íntimos de vários Beats. Famosos na música pop norte-americana, como The Grateful Dead, Mick Jagger, Lou Reed, Tom Waits, muitos outros fecharam nessa corrente também.
    Finalmente, os Beats Latino-Americanos: Eco Conteporáneo e Nueva Solidariedad na Argentina; Nadaístas na Colômbia. Ou do Brasil, como Luis Carlos Maciel [difusor da contracultura]; Roberto Piva, desde seu livro de estreia [Paranoia-1963]; José Agripino de Paula [Panamérica-1967]. Existiram Beats brasileiros, como Wally Salomão [Navilouca]; Torquato Neto; Roberto Bicelli; Alberto Marsicano; Antonio Bivar... Eduardo Bueno! E os atuais: espaços em branco deixados para nomes sugeridos, ou como quiser preenchê-los e etc. etc. etc..
    Todos à leitura!

    - Textos de Claudio Willer sobre:
    "Conde de Lautreamont" [click!]

    BEAT AND ...JAZZ...









    Poetry for the Beat Generation - Jack Kerouac já vinha empolgado com a música, especialmente o Bebop Jazz, quando em 1957 foi agendado para uma performance acompanhada de jazz no Village Vanguard. Na noite de inauguração Kerouac estava muito nervoso e tímido, foi um desastre. Na segunda apresentação, Kerouac foi acompanhado por Steve Allen ao piano, que logo sugeriu que gravassem um áudio pela Dot Records.



    Como havia sido um sucesso aquela noite, Kerouac preferiu em gravar de uma só vez, sem cortes, no improviso, mas o resultado não foi aprovado pelo presidente da gravadora, que achou o conteúdo obsceno, de gosto duvidoso, e mandou destruir a cópia.



    Steve Allen não se conformou. Levou os originais para a Hanover Records, onde a ideia foi aceita e se tornou o álbum Poetry for the Beat Generation, o primeiro dos três discos que atualmente integram o pacote _The Jack Kerouac Collection.



    - trecho: by Jack Kerouac e Steve Allen (on youtube):
    'Charlie Parker' [click!]

    - Charlie Parker (on youtube):
    "Bebop" [click!]

    Audio (on Archive Jazz Topics):
    "Bird and Diz" [click!]














    Disco: Bird and Diz

    Gravadora: Verve Records

    Ano: 1950

    Banda:

    Charlie Parker
    [Sax Alto]

    Dizzy Gillespie
    [Trumpete]

    Thelonious Monk
    [Piano]

    Curly Russell
    [Baixo]

    Buddy Rich
    [Bateria]


    SESSÃO CINE-CLUBE



    Pull My Daisy
    **O filme será apresentado às 20hs, como abertura do evento, não se atrasem!









    Ficha Técnica:


    [http://imdb.com/]











    Ano: 1959
    País: USA
    Duração: Curta Metragem (30 min.)

    Direção: Robert Frank e Alfred Leslie
    *com intervenções de Jack Kerouac.

    Narração: Jack Kerouac.

    Elenco:
    Allen Ginsberg,
    Peter Orlovsky,
    Gregory Corso,
    Larry Rivers,
    Alice Neel,
    David Amram,
    Richard Bellamy
    Delphine Seyrig
    Sally Gross
    Pablo Frank,
    Robert Frank.

    Sinopse:
    Baseado num incidente na vida do casal Neal e Carolyn Cassady, o filme conta a história de um jantar, quando um agente ferroviário e sua esposa recebem um respeitável padre em sua casa. No mesmo encontro, chegam amigos de bar do marido, gente de vida boêmia, que causam um choque entre sagrado e profano, quebram a cerimônia, iniciam uma festa.

    - assista o filme (on vimeo):
    "Pull My Daisy" [click!]

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